quinta-feira, 15 de março de 2012

Falta de conhecimento afasta micro e pequenas empresas das redes sociais


As redes sociais são febre no Brasil, mas levantamento inédito feito pela Ecommerce School, centro de cursos de comércio eletrônico e mídias sociais, com 1.080 micro e pequenas empresas brasileiras revela que apenas 20% dessas organizações usam o Facebook ou o Twitter como ferramenta de negócios.
 
Outra pesquisa, feita pela KPMG Internacional, mostra que os brasileiros estão até 30% mais propensos a dizer que suas empresas devem recorrer às mídias sociais como parte dos negócios do que os britânicos, australianos, alemães ou canadenses.

Entre as causas pelas quais empresas de pequeno porte deixam de participar de redes onde há mais de 845 milhões de usuários cadastrados é a falta de conhecimento das ferramentas, aponta Mauricio Salvador, diretor da Ecommerce School. “Além disso, no Brasil, menos da metade da população tem acesso à internet. Muitas vezes, o empreendedor não vê esses espaços como geradores potenciais de oportunidades de negócios.”

Redes Sociais não equivalem a aumento no lucro, mas em relacionamento com os clientes.
Um erro comum percebido por Salvador é esperar retorno em vendas e contratações ligado à presença nas redes sociais e em pouco tempo. A não produção do conteúdo de carga é outro problema. Depois de criados os perfis, o empresário precisa fazer tweets ou posts mesmo sem seguidores ou fans. Essa estratégia é importante para evitar que os visitantes futuros não encontrem as páginas vazias e parem de frequentá-las. Também é necessário atualizar diariamente as páginas nessas plataformas. “A pessoa entra um dia, vê um post. No outro dia, é a mesma coisa, desmotiva-se a entrar novamente e o empreendedor perde a chance de criar um vínculo com esse cliente atual ou potencial.”

Segundo o especialista, outro erro muito prejudicial à imagem da empresa nas redes sociais é confundir páginas institucionais com pessoais. As pessoas não visitam fan pages ou perfis de organizações para saber mais da vida particular de seus donos ou suas opiniões, mas para encontrar conteúdo relevante.

Redes Sociais são feitas de conexões entre pessoas com interesses comuns
E o que vem a ser a tão falada relevância na internet? “É a capacidade que a empresa tem de, por meio de sua presença no ambiente digital e através do conteúdo interessante gerar relacionamento com seus clientes e engajamento desses com sua marca. A consequência natural desse processo são as vendas, mas elas não devem ser buscadas o resultado primordial”, afirma o consultor de planejamento estratégico digital, Felipe Morais.

A comparação feita por Morais, autor do livro Planejamento Estratégico Digital, ajuda a entender qual é o tom das conversas que o empreendedor deve protagonizar nas redes sociais. “No início, é como pisar em ovos. Imagine estar numa balada. Você vê uma moça, gosta dela e vai se aproximar para puxar papo. Não dá para chegar falando ‘me beija’.”

O passo a passo para entrar nesses espaços e conquistar os clientes está ligado ao próprio nome dessas redes. A sociabilidade é o mais importante. Elas não são, prioritariamente, um canal de vendas, apesar de os negócios serem o objetivo final das empresas nesses espaços. “E ser social não é só falar – dos seus produtos, serviços, promoções. É saber ouvir”, diz Morais.

Redes Sociais não são apenas SAC
Ouvir os clientes, para Tim Norris, diretor de Tecnologia e Performance da KPMG Internacional, é muito mais do que responder críticas, sugestões ou interagir com comentários. “O pequeno empreendedor pode postar um vídeo de um produto no You Tube e pedir sugestões para seus conhecidos. Usar esses espaços para fazer pesquisas de mercado é uma grande sacada.”

Sem contar que, depois de criadas as contas, você pode visitar o perfil de todos os seus clientes. Saber quais jornais ele lê, quais restaurantes frequenta, enfim, conhecê-lo muito mais profundamente, sem depender das respostas às tradicionais pesquisas de satisfação ou do preenchimento de cadastros.

Como exemplo inspirador, o consultor do Sebrae São Paulo, Gustavo Carrer, cita a loja Emme. A empresa está na maioria das redes sociais e com uma estratégia bem delineada. O blog da loja alimenta todas as outras mídias. Funciona como uma fonte única, que dispara atualizações para todas as demais.

O mote das conversas na Emme  -- posts no blog, no Facebook, tweets e em outras mídias -- não são os produtos, mas assuntos interessantes para seu público: música, estilo e arte. As fotos são bem produzidas e é promovida a integração da loja com as plataformas digitais. “A cliente pode fotografar uma produção e postá-la nas redes sociais dentro da loja.”

Quem está fora deve começar a planejar a entrada
Para completar, Natan Sztamfater, sócio-fundador da Agência CookieWeb, destaca o princípio que deve nortear todas as ações citadas pelos demais especialistas. “É fundamental ter total transparência, não apagar nenhum post de um cliente, mesmo que for uma reclamação. Isso pode abalar a credibilidade de uma marca para sempre.”
E o presidente do Sebrae dá a dimensão da urgência: "hoje, a internet e as redes sociais são diferenciais importantes e, em um futuro próximo, serão indispensáveis. Então, o quanto antes uma empresa entender, planejar e iniciar sua utilização, mais vantagens competitivas ela terá."

Por: Izabela Ferreiras Alves - UOL, em São Paulo.

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